sexta-feira, 10 de julho de 2009

Piquenique na Serra da Freita


Nos dias quentes de verão íamos fazer piqueniques para a Serra da Freita. Eram passeios que eu adorava, pelo caminho o meu pai explicava-me a diferente flora que nos envolvia, ao subirmos a encosta deparávamo-nos com pinheiros, carvalhos, medronheiros e azevinho e consoante íamos estando mais altos as árvores iam desaparecendo para dar lugar à urze e à carqueja; o meu pai explicava-me ainda que existiam por ali animais ferozes tal como o lobo, o javali, algumas cobras, gatos bravos e eu começava a ficar assustada, mas o meu pai tranquilizava-me dizendo-me que eles estavam na sua casa e que se nós os tratássemos bem seríamos seus convidados e nada nos aconteceria.


Como a viagem era longa íamos fazendo algumas paragens em sítios muito bonitos, um dos que eu mais gostava era uma queda de água muito grande que se chama Frecha da Mizarela, outra das paragens obrigatórias era a Capela da Nossa Senhora da Lage que servia para descansar o motor do carro depois das subidas vertiginosas e onde podíamos avistar a vila da Arouca com o seu magnífico mosteiro. O meu pai levava-me ainda a ver as pedras parideiras, que são umas rochas de tamanhos variados, que expelem pequenas pedras, por isso se chamam parideiras porque o que fazem é comparado ao acto de parir.


Escrito por Adelaide Gomes, do blogue Em instantes.
Terra: Serra da Freita / Arouca

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8 comentários:

  1. para mim, o melhor texto pela envolvência, pela sensação de vivência pessoal, que simultaneamente remete para texto literário, podendo perfeitamente ser enquadrada num conto ou romance dando voz a um narrador que participa na trama quer seja ou não o protagonista.


    queremos o desenvolvimento.


    csd

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  2. eu, Cláudia de Sousa Dias, participo e volto a comentar o mesmo texto uma vez que, no comentário anterior não me identifiquei correctamente:

    atribuí a esta postagem o primeiro lugar no passatempo "Aldeia da minha vida", pela vivência expressa na voz do narrador que poderia perfeitamente fazer parte de um conto ou romance...

    pela capacidade de nos fazer transportar ao local e participar da narrativa, construída de uma forma dinêmioca ao invés de ser meramente descritiva...


    parabéns!!

    csd

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  3. Um texto muito interessante este! No meu caso, lá em casa não tinhamos o hábito de passear e fazer piqueniques na Serra. O meu pai aos domingos tinha por hábito ir à caça, deixando-nos entregues em casa, com a minha mãe. Tiveste muita sorte por teres um pai tão atencioso, sempre pronto para ensinar o que sabe aos filhos. Isso é lindo!

    Parabéns pela postagem e obrigada pelo teu contributo.

    Agora nã te esqueças de colar o selo "vote em mim" para os teus amigos votarem!
    Abraço, Susana

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  4. Um texto muito interessante sobre um local que conheço bem. A Frecha da Mizarela, também conhecida por Mijarela, não é verdade, as pedras parideiras, os monumentos megalíticos, o rio as aldeias, enfim um local muito interessante.
    Parabéns pelo texto. E boa sorte.

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  5. Momentos mágicos q ainda lá estão,pois há uns anos q não ia lá, e para surpresa minha, o tempo na Serra da Freita não passa, as Pedras Parideiras, os bois a regressarem a casa sozinhos, sempre á mesma hora, as aldeias isoladas e intocáveis pela evolução dos anos,o silêncio maravilhoso q até provoca dor nos ouvidos, o som das quedas de água onde tantas vezes ficamos apenas a saborear a água a bater nas rochas...a magia continua mais viva e a nostalgia é de uma imensidão q nunca mais termina...simplesmente fantástico.

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  6. Era uma vez um tempo em que o nosso Pai era um homem muito grande, forte e sábio, a desbravar caminho por entre a selva virgem.

    Era uma vez uma menina de arranhões na testa, de bolhas de silvas a morderem-lhe os braços e de nódoas negras nas pernas curtas que lutavam para acompanhar os passos deste homem muito grande. Uma menina de olhos esbugalhados que não vêem as pedras do caminho, que não vêem senão este homem.
    Vai a cantar baixinho, a fugir do sol, enxotando os gafanhotos que insistem em desviá-la para (outros) maus caminhos.

    Adelaide: adoro picnics! Adorava o remate destes passeios em forma de pasteis de bacalhau encravados nos dentes, de mãos engorduradas das batatas fritas e de laranjada com bolhinhas que saíam sem querer pelo nariz :o)

    Obrigado pela lembrança.

    Continua, continua, continua.

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  7. Aqui vai o meu comentário:

    PIQUENIQUE NA SERRA DA FREITA

    Da cabeça não me sai
    “o comentário melhor”,
    o meu, amiga, aqui vai,
    apanhe-o se faz favor!

    Um piquenique lá na serra,
    bem no meio da Natureza,
    vendo os mistérios da terra,
    isso sim, é uma beleza!

    Mas, por mais voltas que dê,
    ainda que me faça sorrir,
    não sei ainda o porquê
    do meu voto não parir!

    João Celorico

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  8. Adoraria ver um medronheiro com seus belos frutos vermelhos (aqui no Brasil não tem essa planta) também a urze e o carvalho. É um texto muito envolvente, gostei muito. Parabéns pela postagem.
    Edilza

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