segunda-feira, 30 de novembro de 2009

CAMPANHA DE SOLIDARIEDADE “A CAMINHO DO MEU SONHO”


Isabela, uma miúda motard - antes do acidente
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Este Natal, contribua para que Isabela Marques possa finalmente estar à caminho do seu sonho. Esta jovem de 35 anos encontra-se paraplégica, após um grave acidente de moto, em Maio de 2006. Existe uma esperança ao fundo do túnel: uma operação na zona da medula pode devolver-lhe qualidade de vida, autonomia e independência. O tratamento e a cirurgia serão feitos no Centro Internacional de Restauração Neurológica em Cuba (CIREN) e poderão custar até 40.000 euros. A Isabela luta há 3 anos para realizar o seu sonho: Ir a Cuba e “voltar a andar para finalmente comprar casa própria, ser mãe e ser feliz”.

Em conjunto com o Moto Clube de Mangualde, a Rádio Mangualde e o Programa Burn, a Olho de Turista decidiu apoiar esta causa. Nesse intuito, o blog www.aldeiadaminhavida.blogspot.com, famoso pelas suas meritórias e divertidas blogagens, dará dia 10 início à Blogagem de Dezembro com uma novidade! Em que consiste a blogagem e qual é a novidade? Cada mês, a blogagem tem um tema definido. Neste caso, o tema “Natal na minha Terra” é acessível e apelativo. Qualquer pessoa pode participar, enviando um texto com o máximo de 25 linhas e 1 foto para aminhaldeia@sapo.pt até dia 8 de Dezembro. No dia 10, os textos dos participantes começam a ser postados. Até ao dia de fecho (dia 30), são feitos comentários. A Olho de Turista vai oferecer 0,01€ por cada comentário feito.

No dia 2 de Dezembro, outro dos blogs da Olho de Turista, o www.clubedasmulheresbeiras.blogspot.com, conhecido pelas louváveis histórias de vida de mulheres beirãs, contará desta vez com a de Isabela. As observações lá feitas terão a mesma contribuição por parte da Nossa empresa.
A Campanha será igualmente divulgada na Rádio Mangualde, já no dia 2 de Dezembro, a partir das 21h30, em 107.1 ou www.radiomangualde.com. Tal acontecerá todas as quartas-feiras até dia 30 de Dezembro.


Isabela depois do acidente
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Lado a lado com estas acções, será constantemente difundida a informação bancária para donativos: NIB: 0007 0007 0064302000164 – Banco Espírito Santo (BES)

Todos juntos vamos ajudar a Isabela no “Caminho para o Meu Sonho”!

Os Sinceros Cumprimentos da equipe da Olho de Turista / Aldeia

Para mais informações sobre Isabela, tenha a amabilidade de visitar os seguintes links:



sábado, 28 de novembro de 2009

BLOGAGEM DE DEZEMBRO: O NATAL NA MINHA TERRA


Oh, oh, oh! Adivinhem quem é? Tem uma barba branca vistosa e veste-se de vermelho da cabeça aos pés. Não pertence ao Benfica, não. Mora num país frio e distante. Geralmente, traz um saco enorme com ele. Desloca-se num meio de transporte, nunca visto a olho nu, por andar a velocidade da luz. É um trenó puxado por renas ancestrais, uma delas é o seu melhor amigo e chama-se Rodolfo. Já sabe? Pois, claro que sim. É o Pai Natal. Vejam! Está quase a chegar à Aldeia e com ele, a Blogagem de Dezembro. O tema é muito simples: “O Natal na minha Terra”. Quem não gosta do Natal? Da iluminação, da decoração, do cheiro e sabor dos cozinhados, do pinheiro encantado, do sorriso das crianças, da lareira acesa, dos anjos a pairar, da união familiar… Bom, confesso. Sou uma fã desta época do ano e tenho por tradição decorar a casa no dia 1 de Dezembro.

O Natal é reconhecido no Mundo inteiro. Não discrimina raças, idiomas, condições económicas, idades ou climas. Há cor, solidariedade, esperança, alegria e Amor. Alguns australianos ou brasileiros divertem-se na praia, com um Natal veraneio. Os judeus celebram o Hannukah. Em Espanha, aguarda-se pelo Dia dos Reis. A Suécia antecipa-se e começa as festividades no dia 13 de Dezembro. Junte-se ao Pai Natal da Aldeia e dê o seu contributo com o Natal na sua Terra! Bom Natal e Feliz Ano Novo de toda a Aldeia!!!

1º Passo: envie um texto com o máximo de 25 linhas e uma fotografia até dia 8 de Dezembro, para o e-mail aminhaldeia@sapo.pt
2º Passo: a postagem dos textos permanece com o sistema por ordem de chegada e em pequenos grupos. Pois, verificamos uma maior visibilidade dos mesmos e uma leitura mais aprofundada.
3º Passo: não se esqueçam de manter vivo o espírito da blogagem, comentando.
4º e último Passo: Votar de 28 a 31 de Dezembro.

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Nota Importante: Desta vez, no lugar dos prémios, iremos promover uma Campanha de Solidariedade. Aguardem notícias, brevemente revelaremos do que se trata!
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Relembramos que a votação da Blogagem de Novembro "O Meu Magusto" começou. A partir de hoje até dia 30, VOTE no seu texto predilecto! Se ainda não leu os textos, descubra-os aqui. Dia 03, anunciaremos os felizes contemplados.

MAGUSTO


Em 1973 a Direcção da Federação Portuguesa de Campismo, foi convidada pelo clube de Campismo de Penacova, para estar presente num Magusto, que se realizaria naquela localidade, com o patrocínio da Câmara Municipal, também extensiva aos seus familiares.

Confesso, que nunca tinha ido a Penacova, que fiquei interessado em conhecer e acima de tudo conviver e comemorar a festa em honra de S. Martinho.

Em casa dos meus pais (dia de anos do progenitor) a coisa piava fino, era um dia aguardado religiosamente, e na mesa grande, talvez aí de 4 m de comprido de bancos corridos, sentavam-se para jantar na noite de 10 para 11 de Novembro, além dos da casa, mais uns familiares e amigos, ficando a mesa cheia e às vezes ainda tinhamos de apertar os cotovelos, já que, sempre aparecia mais alguém.

O repasto era de primeira qualidade: - Línguas de bacalhau, caras, lagosta salgada, comprada numa das casas da rua do Arsenal, mesmo ali ao Cais do Sodré – pois é .-
como na cantiga do Rodrigo. Atum salgado, vindo expressamente da madeira, acompanhado de couves, batatas, couve flor, Azeite das nossas quintas, água pé de moscatel, e da normal, jarros enormes de vinho tinto da nossa Adega e castanhas muitas castanhas, movendo-se o céu e a terra, porque se fazia questão de serem de Carrazedo de Ansiães. Pela meia noite era lançados uns foguetes, restos das festas liturgicas da nossa Senhora da Soledade.

Foi sempre assim desde que me conheci, mas neste ano resolvi falhar em casa e saltar com os amigos, para estar presente no meu primeiro baptismo de um Magusto fora do meu habitat.

Penacova fica num alto, e no largo da Câmara tem um miradouro, de onde se aprecia uma paisagem impressionante. As gentes do campo, com capazes de verga à cabeça iam chegando e colocavam o que ofereciam para dar de comer aos visitantes. Não contei os presentes, mas posso calcular que seriam para cima de 800, e admitia não ser possível arranjar gratuitamente tanta comida para aquela multidão. Mas o numero de ofertantes conforme as horas se aproximavam, ia aumentando e a dada altura já não havia mesas que chegassem para tanta comida. Desde galos, coelhos, chouriços, presuntos, morcelas, cozido à portuguesa, garrafões e garrafões de vinho, nada faltava, naquelas mesas fartas que as gentes de Penacova desinteressadamente encheram. Com a colaboração do Corpo de Bombeiros, foi feita uma fogueira de tamanho colossal, onde foram colocadas sacas e sacas de castanhas para saciar os nossos desejos.

Pois aquelas mulheres, que trouxeram à cabeça toda aquela comida, algumas dos confins do Concelho, arregaçavam as mangas e deitavam-se ao trabalho de, partir, assar, fatiar presuntos, cortar o pão, preparar copos, separar vinhos, enfim uma organização impecável e digna de ser comentada como exemplo de como se organiza uma festa popular.

Tirei imensas fotografias e ilustro este conto, com uma senhora a assar chouriços de sua oferta, que me chamou a atenção pela tamanho do seu bigode, chamuscado pela labareda do alcool e cujo marido aproveitava a ocasião, já com grão na asa para brincar com o buço da sua cara metade, não se sentindo ela nada ofendida e dando largas à sua satisfação., admito que de veria ter sido a mais fotografada no magusto.


Escrito por Zé do Cão, do blogue Zé do Cão


Este texto não se encontra em concurso. Foi elaborado apenas num espírito de camaradagem.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

COM A CAMISA E COM O CASACO



O meu Avô materno era o Senhor Tenente da Guarda Fiscal Braz Antunes. Aos 82 anos usava um bigode retorcido e encerado, tão branco como as suas cãs, e ia ao palio nas procissões. Era de Montalvão e subira a pulso na carreira. Entrara como guarda e, segundo ele, não fora «ajudante de auxiliar de praticante» porque não havia tal posto…
Homem sério, avisado, honesto e ponderado, tinha porém um espírito apurado, uma graça fina como só ele. Sempre que podia aferroava a minha Avó Maria, natural de Aldeia da Ponte. Eram os beirões para aqui, os ratinhos para acolá, um fartote que deixava a mulher muito encrespada.
Um dia contou-nos a estória – naquele tempo ainda era história – de dois irmãos que foram roubar/comer castanhas num ramo da árvore progenitora. A dada altura, dizia o Manuel para o Zé: «Ó Jéi, ê cá comi mais castanhas do ca tu!!!» E o outro, que não, que quem comera mais fora ele. «Ó Jéi ê comi-as ca camicha…» E o Manuel: «Nada, nada, mano. Ê comias co cajaco!!!» Acrescentava o Senhor Tenente que os dois eram nados na Aldeia da Ponte. A Dona Maria imagina-se como ficava.
Lambo-me por castanhas. Foi de minha Mãe que guardei a receita de as cozer, proveniente da Avó. E mãe dela, obviamente. Mas também as adoro assadas, na brasa, a saltar, como canta o Carlos do Carmo. E de pudim das ditas. Só não gosto de apanhar castanha. Faz doer.

Escrito por Henrique Antunes Ferreira, do blogue A Minha Travessa do Ferreira

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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CASTANHAS E SÃO MARTINHO



Podiam chamar-se cinzentas mas sendo de cor castanha, a falta de imaginação popular optou por lhes chamar “castanhas”.
A castanha é um “aquênio” e procede do Castanheiro europeu (Castanea sativa) que terá cá chegado desde a Ásia Menor, do Cáucaso e dos Balcãs. Daí haver quem ainda hoje diga que as castanhas lhe provocam uma azia Maior e também o facto de serem vendidas aos balcões.
Não se sabe como cá chegou (o castanheiro) ou quem o trouxe mas que está cá, está. É quase como alguns políticos e dirigentes desportivos. Não se sabe de onde vieram mas estão cá.
Não se trata de um fruto mas sim de uma semente que se encontra no interior do “ouriço”, esse sim é o fruto do castanheiro e que “pica” mais do que muitas coisas que por aí anda a “dar pica”.
Antes da chegada da batata era a castanha uma das bases da alimentação, sendo usada e abusada, de muitos modos na alimentação europeia. São muito ricas em hidratos de carbono (sob a forma de amido), potássio, vitaminas C e B6 e possuem algumas acções da GALP, Mota Engil e do BCP o que as enriqueceu noutros tempos mas que com a actual crise bolsista não lhes adianta muito. (????)

S. Martinho

Ao que parece S. Martinho nasceu na Hungria em 316 (+ coisa, - coisa) e era soldado antes de ter enveredado pela carreira de Santo. Chamava-se Martinho, o que significa pequeno Marte por gostar de artes marciais e andar sempre à castanhada.
Durante uma visita a França, que na altura se chamava outra coisa qualquer, encontrou um sem-abrigo e como chovia como le chien qui pisse (por ser em França) cortou a sua capa e deu metade ao pobre homem. Logo ali deu-se o milagre, o mau tempo desapareceu e ficou um dia de Verão e uma bela tarde de Outono.
Na altura os milagres eram mais fáceis e havia mais capas; Hoje em dia, bem precisávamos de um milagre na nossa pobre economia mas apenas os Bancos têm uma capa que os governos lhes fornecem, para não andarem à chuva dos próprios erros! A tradição do vinho e da Água-Pé (Água-Pá para os mais íntimos) parece ser portuguesa e ter dado origem à célebre expressão "Porreiro Pá".

Escrito por Rui Veleda, do Blogue In-Provável
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O S. MARTINHO EM SERRELEIS



A azáfama começava muito antes do dia de S Martinho.
Cada um de nós tinha a responsabilidade de levar castanhas e caruma. A garvalha como se diz na nossa terra, era apanhada pela miudagem no monte.
Nunca eu queria tanto ir ao monte como nos dias que antecediam o S Martinho. Eu andava num verdadeiro frenesim a juntar caruma. Tanta que muitas vezes nem podia com ela….

Lá em casa não havia castanheiro. Havia muitos na vizinhança.
A caminho da escola, lá íamos com um saquinho na mão, a apanhar todas as que tinham caído dos ouriços durante a noite. À hora de almoço e à tardinha a preocupação era a mesma…não ficava uma única castanha no chão…
Chegado o grande dia, o magusto decorria no mesmo sítio de todas as outras festas. No largo da Igreja! É aqui que tudo continua a acontecer nas pequenas aldeias. Serreleis não fugia à regra!
A canalha sentava-se em círculo no coreto. No meio era colocada a garvalha amealhada por todos, uma camada de castanhas e por cima outra de garvalha. Os adultos pegavam fogo e a festa começava!
Enquanto as castanhas estalavam, as cantorias iam-se sucedendo, os adultos presentes, tratavam da assadura, de juntar a garvalha, de virar as castanhas...
Todos saboreávamos as castanhas, com cantorias à mistura…E a festa durava a tarde inteira!
O dia terminava com a limpeza do coreto. Iria provavelmente ser utilizado por uma banda por altura do Natal, ou pelas festas de S Silvestre, no fim do ano…
Tempos em que dar felicidade às crianças era apenas e só proporcionar um encontro com objectivos e participação activa. Ainda haverá destes magustos?

Escrito por Fátima Camilo, do blogue Simecq.Cultura
 
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terça-feira, 24 de novembro de 2009

O MEU MAGUSTO



Estamos a chegar ao São Martinho, época de castanhas e prova de vinho.

Nesta altura, é vulgar complementar algumas refeições com castanhas. Em minha casa não fugimos à regra, mas olhando o meu assador, passam-me pela lembrança tempos passados na minha juventude, na aldeia natal da minha mãe, o Sobral Magro.
Fecho os olhos.

Vejo os divertidos magustos da aldeia. Grupos de rapazes e raparigas juntam-se num dos largos da povoação, num ambiente de grande alegria e animação. Para ali levam molhos de caruma que juntam num monte. Colocam-lhe por cima uma camada de castanhas que cobrem com uma outra camada de caruma. Por fim, ateiam-lhe o fogo.
De vez em quando, revolvem tudo com um pau, para que as castanhas se assem por igual, sem se queimarem.
Enquanto isso, alguns rapazes mais atrevidos, aproveitam para “deitar o olho” às raparigas que, envergonhadas, soltam risinhos nervosos.
Assadas as castanhas, todos se juntam em redor da fogueira já extinta e comem-nas em amena e alegre cavaqueira, intervalando com um copo de jeropiga ou de vinho. De cada vez que apanham castanhas da fogueira, ficam com as mãos enfarruscadas e alguns mais divertidos fazem festinhas nos outros, provocando grande algazarra, ao verem as caras sujas uns dos outros.
Quase sempre, um ou outro rapaz com dotes musicais mais apurados, traz consigo uma harmónica vocal ou uma concertina e começa o bailarico animado aqui e além pelas vozes afinadas dos cantadores da aldeia.

É este o meu magusto. Mas, ao abrir os olhos, acordo para a realidade. Na minha frente, continua o assador. Não há fogueira, nem rapazes, nem raparigas e, o único som que ouço, é a música da publicidade que passa na televisão.

Escrito por Lourdes Martinho, do blogue O Açor

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O MAGUSTO EM CASA DA BISAVÓ ANGELINA



A perna de borrego assa no forno a lenha enquanto o gato, preto como a noite, se aquece, praticamente encostado à panela da sopa de couves verdes segadas durante a manhã no quintal, para ser comida como entrada, com um garfo na mão direita – com as couves enroladas como spaghetti – e um naco de pão de milho com chouriço na mão esquerda, a acompanhar e dar “substância”. As castanhas que irão guarnecer a carne estão a ser cozinhadas num molho que até hoje nunca consegui imitar, porque a receita morreu junto com a bisavó. O pêlo do gato começa a arder. Parece as bruxas, condenadas antigamente à fogueira, pelo Santo Ofício. Quando o lume lhe chega à pele, desata a correr pela cozinha de terra batida, soltando miados aterrorizantes, capazes de acordar todos os mortos do cemitério. A bisavó atira-lhe uma bacia cheia de água gelada e o animal esconde-se, ensopado, debaixo de um dos compridos bancos de madeira da mesa da cozinha. Mais tarde, voltará a postar-se junto das panelas para secar o pêlo, para não ficar com bronquite. A bisavó recorda o tempo em que preparava carne de javali - naquele tempo os porcos selvagens abundavam na região e a bisavó chegou a domesticar alguns, criando-os de pequenos para matar e fazer chouriços, que tratava no fumeiro – com castanhas por altura do São Martinho, altura em que se encontrava grávida de gémeos. Lembra-se como se fosse hoje da queda que deu enquanto transportava o cesto do pão que distribuía pela aldeia. A gravidez ia no sétimo mês e não chegou a completar o tempo previsto. Um dos gémeos nasceu morto. Mesmo assim, conseguiu aguentar quase dois meses com um filho morto na barriga. Quando nasceram, o mais pequenino e mirrado foi quem sobreviveu. Chamaram-lhe Mário. O outro, gordo e lindo, nasceu sem vida com uma evidente contusão na cabeça, de onde já saíam vermes. A bisavó Angelina recorda as febres que se seguiram ao nascimento, as lavagens e as mezinhas feitas e elaboradas pela parteira. Sobreviveu. A bisavó suspira, enquanto vai buscar o vinho tinto verde, feito com as uvas da ramada do quintal, à adega. A bisavó não gosta de jeropiga. A Tia Lucinda, irmã mais velha do gémeo sobrevivente, chegará, vinda do Porto, com a sobremesa: pudim de castanhas e marrom glacê, receitas aprendidas em casa do Douto, onde trabalha como criada de servir lá para os lados da Sra. da Hora. Está na hora de pôr a mesa. A mãe, a trisavó Ludovina, do alto dos seus 102 anos, abre subitamente os olhos míopes, por detrás das lentes encavalitadas na ponta do nariz adunco e indaga, varada pela fome e pela gulodice: "Então, Lininha? As rabanadas já estão prontas? Já deve estar quase na hora da missa do Galo…”

Memórias de Black Desert Rose

Escrito por Claudia Sousa Dias, do blogue Rendez-vous
 
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domingo, 22 de novembro de 2009

MAGUSTO

Poucas palavras!!! Estas Mãos e os seus 99 anos!!!
Quantas castanhas já foram descascadas por elas?
Umas mãos, Uma vida

Escrito por Vítor Brito, do blogue Vila Cova no seu Melhor

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O MEU PRIMEIRO MAGUSTO



A primeira vez que eu participei num Magusto foi no início dos anos setenta quando cheguei aqui ao Oeste.
No Alentejo, pelo menos na minha zona, não havia essa tradição. Comiam-se frutos secos, vindos do Algarve: as galinhas e os galos de pasta de figo, as amêndoas, as nozes… até há a feira de Castro Verde, cantada pela Mariza, onde se compram os frutos secos, em finais de Outubro.
Aqui chegada, logo os meus alunos começaram a falar de magusto, perguntando com alguma ansiedade, se este ano não havia.
Ficaram atónitos com o meu desconhecimento, mas esclareceram-me e o magusto foi aprazado para o dia de S. Martinho, tendo eles tomado a responsabilidade da organização do mesmo.
No dia de S. Martinho, a azáfama no pátio da escola era muita e a vozearia da garotada ensurdecedora!
Os meninos fizeram a fogueira com a lenha que eles próprios apanharam e lá dentro deitaram as castanhas depois de devidamente cortadas.
A partir daí foi o delírio total… os miúdos tiravam as castanhas assadas da fogueira, comiam-nas, voltavam a deitar mais castanhas na fogueira e, sobretudo enfarruscavam-se todos uns aos outros, no meio de grandes corridas, gritarias e brincadeiras.
A alegria reinava naquele pátio de recreio….cantavam-se cantigas alusivas ao S. Martinho...
Eu, nos meus verdes anos e perante o desconhecido estava também encantada, desconfio mesmo que também enfarrusquei algumas carinhas…comi muitas castanhas e diverti-me imenso.
Nem me lembro de mais alguma vez comer castanhas assadas como aquelas do meu primeiro magusto!
Eram mesmo “quentes e boas, quentinhas, a estalarem cinzentas na brasa”
Com o decorrer dos anos, os magustos nas escolas foram perdendo as suas características, por razões práticas e de segurança. Mantém-se o convívio, comem-se castanhas mas aquela fogueira no chão, as castanhas a assar lá dentro e os miúdos a retirarem-nas com um pauzinho pertence ao passado.

Escrito por Alcinda Leal, do blogue Soma dos Dias

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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O meu primeiro magusto




Tinha acabado de fazer 6 anitos quando participei no meu primeiro magusto. Foi um dia para esquecer…pelo menos para mim… Nessa altura andava na Escola Primária do Chãos, uma aldeia próxima da Mêda, onde a minha mãe ensinava as primeiras letras aos 16 meninos que lá havia, incluindo a mim.


No dia marcado saímos todos da escola rumando para o pinhal que havia lá perto, ao encontro de outro grupo da Escola de Casteição. Pelo caminho cantámos, alegres com mil e uma canções na ponta da língua.

Assim que chegámos ao local combinado, a euforia aumentou de tom, com as brincadeiras de miúdos. Mas foi sol de pouca dura…alguém disse que era preciso procurar muita caruma e lenha para ascender a fogueira…

Até aqui achei tudo muito engraçado e divertido, incluindo a parte em que se acendeu a fogueira e ficámos em redor a cantar, à espera que as castanhas dessem os primeiros “estalos”.

Mas na hora de retirar as castanhas da caruma, tudo mudou!

Queriam agarrar-me para borrar a minha cara com a caruma…quase parecia uma cena de outro mundo… Só chamava pela minha mãe, pois não queria, nem por nada, ficar toda “suja” com aquelas coisas pretas.

Todos se riam, com a minha aflição… ninguém me levavam a sério. O que é certo é que fiz de tudo para ninguém me borrar, embora fosse apanhada,no meio de tantos maiores que eu… Vezes sem conta perguntava à minha mãe se tinha a cara suja.

Se naquele dia tivesse um espelho à frente não sei se iria chorar mais por estar suja ou por não reconhecer a minha triste figura …

No regresso a casa, jurei que aquele dia seria o meu primeiro e último magusto da minha vida!

A promessa cumpriu-se. Nunca mais voltei a ter um magusto como aquele.

Hoje olho para os meus filhos e penso que não terão a mesma oportunidade participar no magusto tradicional, como aquele que vivi. A nova geração não participa no processo do magusto. A castanha é , simplesmente, assada no forno eléctrico da escola e distribuída aos meninos na sala.

A tradição já não é o que era, não acham?


Escrito por Joana, do blogue Diário de Joana

O MEU MAGUSTO NA ESCOLA PRIMÁRIA

(Imagem retirada da Internet)

Era aluno do primeiro ano. Tinha completado 6 anos há poucos dias. Tudo era novo para mim: a escola, os colegas e novos amigos, o professor que até era meu vizinho, enfim tudo.
Naquela semana mandaram um papel para casa a informar os pais de que havia um magusto no final da semana, na sexta-feira. Era a primeira vez que ouvi a palavra “magusto” e logo perguntei a minha mãe o seu significado. Foi então que comecei a imaginar que aquilo seria uma festa divertida.
No tal dia marcado, levei um saco de castanhas já com uma racha no fundo de cada, para facilitar a assadura das mesmas e uma garrafa de sumo para partilhar com os outros.
Na hora do recreio, tudo começou. As auxiliares trouxeram primeiro a caruma e acenderam o lume, depois colocaram a lenha a arder para criar as brasas. Ainda demorou um pouco. Só depois se colocaram as castanhas a assar.
Entretanto o tempo estava ameno naquele dia. Nem frio nem calor e o sol brilhava. Era um óptimo dia para uma festa na escola, a minha primeira festa lá.
Quando as castanhas estavam assadas, foi um corrupio a distribuí-las por todos os meninos e professores, com as mãos todas pretas, enfarruscadas das brasas e da borralha e até de algumas castanhas torradas.
Confesso que adorei o sabor das castanhas, adocicado e quente ao mesmo tempo, ou não fossem castanhas da região da Beira Interior.
Mas qual quê, quem era o míudo que depois de se satisfazer não começou a sujar as mãos ainda mais para a seguir ir pintar a cara do vizinho do lado? Foi um regabofe! Era só míudos a correr. Uns a fugir para não os sujarem mais e outros para enfarruscar os outros que ainda estavam branquinhos e ilesos.
Adorei esta brincadeira na escola. Nunca mais a esqueci e já passaram mais de 30 anos desde então.
Hoje os meus filhos não sabem o que isso é. O mais velho, já no primeiro ciclo do ensino básico, tem os seus magustos. Mas, as castanhas são assadas em forno eléctrico num qualquer restaurante ou padaria e eles nem sabem o prazer que dá sujar as mãos para comer e depois poder brincar a enfarruscar os outros ou ser enfarruscado e ninguém nos conhecer depois.


Escrito por Mestre.


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terça-feira, 17 de novembro de 2009

NÃO GOSTO DE ASSAR CASTANHAS


Não gosto de assar castanhas. Queimo sempre as minhas mãos e nada fica em condições: umas estão mal assadas, outras parecem carvões! No entanto, adoro participar em magustos. Tenho amigos que são mestres, mas nenhum como o Armando quando escolhe a velha casa do Malhadoiro. Ele põe tudo a trabalhar! Primeiro, golpeamos as castanhas. Metemo-las, depois, num balde de água fria para não ficarem rijas e aguardamos meia hora.

É desta pausa que eu gosto. Por norma, comemos um queijo da serra bem fresco com broa caseira e bebemos um tintinho da pipa do Armando. Ele dá o vinho, o resto levamos nós. É sempre assim!

À hora certa, grita ele: - “Alto e pára o baile! Vamos escoar as castanhas”. Num ápice, despeja a água do balde. Nisto, mete a manápula na salgadeira do porco (ele ainda a usa, como antigamente), apanha um punhado de sal amarelado, bem rançoso, e atira-o sobre as castanhas. Agita, depois, o balde várias vezes, para que as castanhas fiquem babadas de sal e deixa tudo a marinar por meia hora. Comemos, então, o resto do queijo, bebemos mais um tinto, contamos umas histórias, discutimos futebol e sei lá que mais!

Chegada a hora, o Armando pendura o assador nas correntes enferrujadas da lareira, onde o lume já crepita. A partir daqui, só ele manda nas castanhas. Ele é que chocalha o assador, põe lenha, retira um tanganho, compõe o lume, sobe as correntes… eu sei lá! Tanta coisa! Tudo na altura certa! As castanhas ficam sempre alouradas, salgadinhas e tenras. Uma delícia! Nunca ficam queimadas como as minhas. No fim, o Armando atira-nos sempre esta, com vaidade: “ Vocês não percebem nada de castanhas! Isto tem os seus truques.”

Normalmente, acompanhamos as castanhas com água-pé. Sempre dá para beber mais um golito. Temos medo da jeropiga por ser muito saborosa, mas também muito matreira! Se não houvesse Polícia….

Escrito por José Pinto, do Blogue Cabeça Web

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A PROPÓSITO DE CASTANHAS

"Castanhas da Serra de S. Mamede"

O magusto, para mim, é uma não tradição. Claro que, vivendo na minha infância e juventude próximo da Serra de S. Mamede, única área do Alentejo onde o castanheiro aparece, é natural que, em casa, no Outono, se cozessem e assassem castanhas. Mas isso não correspondia a nenhuma celebração especial.
É verdade que as castanhas assadas eram muito apreciadas. Mas, para mim, nada se comparava às deliciosas bolotas, assadas na cinza da lareira, as quais eram apanhadas em azinheiras seleccionadas, estando assim garantida a sua qualidade e doçura.
Em magustos dignos desse nome, só comecei a participar nos que se faziam na escola onde dei aulas, no concelho de Loures. No dia de S. Martinho, não falhava a castanha assada ou cozida e o alcoólico acompanhamento líquido. Claro que, como era para muita gente, nem sempre a qualidade estava presente. Castanhas frias, às vezes demasiado assadas, não eram propriamente um petisco convidativo.
No entanto, na minha memória ainda persiste uma história relacionada com castanhas. Uma tia paterna vivia no concelho do Montijo, numa altura em que as comunicações eram difíceis e os produtos não viajavam como actualmente. Acontece que a tia gostava muito de castanhas e elas não apareciam à venda naquela região. Então, o irmão, meu pai, encarregava-se de lhe enviar todos os anos uma encomenda de castanhas que ia despachar nas camionetas que asseguravam o transporte de pessoas e produtos entre as várias regiões, demorando, por vezes vários dias.
À laia de compensação, a tia todos os anos nos mandava um caixote de odoríferas maçãs que perfumavam a casa durante o tempo que levavam a ser consumidas. Há muito tempo que não encontro estas maçãs à venda e tenho sobretudo saudades do seu intenso cheiro.

Escrito por Júlia Galego, do Blogue Gambozino

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domingo, 15 de novembro de 2009

MAGUSTO NO DIA DE SÃO MARTINHO

Diz o POVO:
“No dia de S. Martinho, vai à adega, incerta o pipo e prova o vinho.”
- E como o vinho é “generoso”, convidou as castanhas para se associarem à festa em honra do Santo, patrono dos pobres.

As Castanhas a saírem do ventre materno
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Em determinadas regiões de Trás-os-Montes, as castanhas são rainhas da gastronomia festiva no mês de Novembro e viajam, mesmo, de Vinhais e de Carrazedo de Montenegro, concelho de Valpaços, para o Brasil, para a Europa e outras zonas do globo. Umas assadas, outras cozidas, lá vão sendo comidas; avinhadas e bem saboreadas, alimentam e inebriam os pares para dançar ao som das músicas populares cantadas e tocadas.
A Lenda de São Martinho contada pela Lena, à guisa de introdução, é uma lição de amor e fraternidade para as sociedades modernas que estão a educar as novas gerações para o egoísmo e para as melhores técnicas de marketing visando ludibriar incautos e chuparem-lhes o sangue como as famosas sanguessugas da medicina pré-científica. O exemplo de S. Martinho merece ser celebrado, cada ano que passa, com mais entusiasmo para que o pensamento filosófico do ser humano se preocupe mais com a justiça criativa e distributiva, ensinando uns a “pescar”, a resguardarem-se das tempestades, do granizo e do frio das nevadas, pelas suas capacidades de trabalho e poupança – e socorrer os mendigos, os pobres de espírito e de haveres. Com este comportamento social, todos os seres humanos poderão, um dia, celebrar a festa de S. Martinho, comer as castanhas, provar o vinho e sentir o calor do Verão de São Martinho com um sorriso nos lábios e uma nova esperança. Os bons exemplos são para imitar.
Pessoalmente, vou participar na festa organizada pela Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa, no Externato Marista de Benfica, Rua de S. Neutel, nº11. É uma festa a valer. Há castanhas assadas, transformadas em doces, alheiras, pão centeio, vinho do bom e à farta, bandas de música, o conjunto MARANUS e outras surpresas. Aqui, não há distinção de classes. Há apenas amigos e conterrâneos a continuar as festas a que se habituaram a celebrar humildemente a 500kms de distância, nos tempos de meninos.

Escrito por Artur Monteiro do Couto, do blogue Beleza Serrana
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O "TRADICIONAL" MAGUSTO


Aproxima-se o dia de S. Martinho e como não podia deixar de ser, na Aldeia da Minha Vida fala-se sobre o tradicional "Magusto"...


Falar de castanhas é recordar o Padre Eduardo, o melhor cristão que já conheci, pároco da aldeia beirã do Concelho de Trancoso, onde nasci e vivi a infância.
Das tias herdou um grande soito, situado no cimo de um monte, contíguo ao campo de futebol, cujo terreno ele cedera, proporcionando enorme alegria à rapaziada local.


Mal os ouriços começavam a sorrir, o Toninho, seu protegido desde que ficara órfão em criança, montava guarda ao soito e por lá passava os dias apanhando a castanha. Por altura do S. Martinho, o padre Eduardo reunia um grupo de crianças e em conjunto faziam a caminhada enquanto iam, rezavam o terço, monte acima. Lá chegados, enquanto alguns ajudavam na apanha da castanha, os outros juntavam caruma em pequenos troncos que recolhiam no pinhal próximo e em grande animação acendiam a fogueira para o magusto. No fim do dia, os voluntários carregavam o saco com as castanhas que sobravam e fazia-se o caminho de regresso ao som de mais umas "Avé Marias".


No Departamento onde trabalho comemoramos o S. Martinho com um magusto reforçado, que inclui: Castanhas vindas directamente do produtor da zona da Guarda ou Viseu; jeropiga caseira da Beira Alta e Minho; presunto de Chaves ou da Mêda; chouriço de Arouca ou Alentejo; queijo de ovelha de Celorico da Beira e Castelo Branco; Água-pé clandestina oriunda de um tasco, cujo nome não revelo nem à lei da bala e uma ou duas sobremesas (receita das ninas do grupo pascoalita e africana).
Mas agora me lembro que temos o S. Martinho à porta … vou deitar o olho ao saco e ver o que temos para o magusto deste ano eheheh




Escrito por Pascoalita
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

MAGUSTO À BÊBADO

Respondendo ao pedido das meninas da Aldeia mais popular da Blogosfera, partilho com todos um magusto que recordo.

(Imagem retirada da Internet)
A Cusca Endiabrada cresceu no seio de uma família rural, retendo hoje apenas vagas lembranças dos rituais inerentes a cada época do ano, como a apanha da castanha, o magusto ao ar livre com a obrigatória prova do vinho novo no dia de S. Martinho que o Senhor José Gago, seu avô materno, se orgulhava de produzir e nesse dia servia aos vizinhos com tanta generosidade quanto o empenho com que restringia a bebida ao genro, mantendo uma cuidadosa vigilância ao tonel, devido à evidente incompatibilidade entre este e o precioso néctar.
A mãe lamentava-se que o pai nem o vinho devia cheirar, levando-a a supor que sofria de alergia ao natural corante tinto, só depois se apercebendo que a cor era irrelevante e que o branco exercia nele o mesmo efeito, mas o pai teimava em afirmar que o vinho lhe conferia inteligência, o que parecia ser verdade, dado que mal empinava um copito logo surgiam sinais de genialidade e começava o espectáculo que variava em número e duração conforme a dose ingerida, começando por ser ocasionais e por fim a ter lugar "dia sim, dia sim".

Num dia de S. Martinho, cujo ano já não recordo, o pai chegou a casa animado, prometendo aos filhos um fantástico Magusto! A mãe murmurava baixinho que ele já vinha com a "cadela" levando-os a olhar na sua direcção na esperança de verem surgir um “cachorro”. Acende-se a fogueira, castanhas no alguidar, as crianças ansiosas vêem o pai fazer malabarismos à volta do lume ensaiando um novo número que diz ser infalível que faz questão de exibir ainda antes de assar as castanhas! A mãe prevendo que dali nada de bom resultará, tenta distraí-lo, demove-lo da ideia, ralha, chora e lastima a sua vida, mas em vão. Do bolso do pai sai um maço de notas que enfia no borralho cobrindo-o com cinza, enquanto afirma:

- Não arde! Querem uma aposta como não arde? Garanto-vos que não arde! E a seguir assamos as castanhas e vão ver como hoje ficam mais gostosas que nunca!
Não que não ardeu! À excepção de 2 notas de 20$ chamuscadas que a mãe conseguiu salvar, o fruto de uma semana de trabalho ficou reduzido a cinzas.
E foi assim, especial e inesquecível, o Magusto desse ano. Em vez de castanhas e água-pé, engoliram-se lágrimas e a família foi dormir sem ceia, dando graças a Deus por nessa noite o espectáculo não ter incluído umas “cinturadas”.
Escrito por Cusca Endiabrada.
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O MAGUSTO NA MINHA INFÂNCIA

O Magusto é sempre uma festa popular, Cujas maneiras de o celebrar variam um pouco consoante as tradições regionais. É tradição juntarem-se grupos de amigos e famílias à volta de uma fogueira normalmente ao ar livre onde se vai assando castanhas para comer, bebe-se água -pé, vinho novo e jeropiga, cantam-se cantigas , as pessoas enfarruscam-secom as cinzas, fazem-se brincadeiras, tudo na maior alegria. Quando aparece uma castanha "parida", é oferecida uma das partes a outra pessoa ficando assim a ser compadres. Uma tradição na minha aldeia ainda sendo hoje usada pelos mais velhos.Embora o magusto seja normalmente realizado em dias festivos, é tradição em dia de todos os santos e São Martinho haver magusto colectivos e familiares em todo o nosso Portugal. Antigamente na minha aldeia era motivo de pretexto para os mais jovens nas tardes de domingo em época de castanhas fazerem o magusto para se poderem reunir e divertir à volta do lume feito com caruma dos pinheiros, com que assavam as castanhas. Uns ocupavam-se de ir apanhar a caruma , outros ofereciam castanhas e outros levavam a água-pé ou a jeropiga, e assim se passava uma bela tarde de domingo que muitas vezes terminava com um bailarico pela noite dentro.Reza a lenda que, em dia tempestuoso ia São Martinho, soldado romano, montado no seu cavalo, quando viu um mendigo quase nu, tremendo de frio, que lhe estendia a mão suplicante, São Martinho não hesitou: Apeou-se do cavalo com a sua espada cortou ao meio a sua capa de militar e de imediato deu metade ao mendigo. E apesar de mal agasalhado sob chuva intensa, preparava-se para continuar o seu caminho cheio de felicidade. Mas subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido um sol brilhante inundou a terra de luz e calor. Para que não se apaga-se da memória dos homens o acto de bondade praticado pelo Santo, quis Deus que todos os anos nessa mesma época, e por alguns dias, o tempo frio para-se, e que o Céu e a terra sorrissem com a benção dum sol quente e miraculoso. É o chamado Verão de São Martinho. E que eu como já é costume deslocarme-ei a Góis minha terra natal para participar nas festas do dia de Todos os santos e celebrar a tradição de estar presente com a família no tradicional magusto colectivo, uma simpatia da Camara Municipal de Góis e produtores locais de castanha.

Escrito por Acácio Moreira, do blogue Carvalhal do Sapo


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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Blogagem com sabor a castanha e a mel beirão!

Este Fim de semana estive na Minha terra, na Expo-Mêda!


Para quem ainda não sabe, eu sou natural da cidade de Mêda, mais precisamente de uma pequena aldeia chamada Longroiva, localizada no Distrito da Guarda. Neste momento não resido lá, mas mantenho uma ligação com essa terra, por vários motivos. Um deles , como é obvio, são as minhas raízes: aí residem os meus pais e grande parte da minha família.

O outro está relacionado com uma grande paixão que tenho pela História. Desde cedo descobri que a Mêda guarda dentro de si uma grande riqueza patrimonial e cultural à espera do ser reconhecida por todos nós!

Aqui é possível conhecer as suas gentes e viajar por outros tempos.



Quem ainda não ouviu falar da Dama dos pés de Cabra, do Marquês de Marialva, da mais recente descoberta villa romana da Coriscada, ou do famoso Albaninho, o Homem Macaco que deu origem à lenda de Tarzan, ou do castelo de Longroiva, um dos mais antigos dos Templários, ou das Termas de Longroiva recentemente inauguradas?

Certamente muita gente.

Quem ainda não ouviu falar da Mêda, aquela terra fria com gente calorosa, capaz de conquistar qualquer um que aí passe, com o bom vinho do Douro, o azeite finíssimo e o mel de rosmaninho?

Da Expo-Mêda, a grande festa do Munícipio, se não ouviram, pelo menos leram aqui, na semana passada como uma das nossas sugestões de fim de semana.

Quem não foi…não sabe o que perdeu… Como vos tinha dito, eu fui e por acaso coincidiu com o meu aniversário ( não sei como, a nossa amiga Elvira descobriu que eu fazia anos).

Foi um fim de semana muito bem passado: os meus filhotes( sim tenho dois pequenitos, um de 2 e outro 6 anos) divertiram-se à brava nos insufláveis que lá havia; eu e o meu marido assistimos ao espectáculo do João Pedro Pais (há muito que não saámos à noite).


Mas a parte melhor foi rever algumas caras de outros tempos, tendo como pano de fundo o S.Martinho. Numa tarde redescobri as principais actividades económicas da região em exposição . Não faltaram à chamada os produtores de vinho, de azeite, de enchidos, de doces e compotas, de castanhas ,o artesanato, …E é claro que numa quadra destas não podia faltar o tradicional magusto, acompanhado com uma boa fêvera e vinho e muita música de tradicional.


E mais não conto…porque para o ano há mais e por lá espero vir a encontrar caras conhecidas do mundo das blogagens, para conferirem, que não estou a exagerar. Porque quem ainda não conhece a Mêda, aqui está uma boa sugestão .

Bem não quero ser mais chata, porque hoje, dia 10 começa uma nova blogagem a propósito do Magusto e , como já é hábito, costumamos anunciar os prémios a que se habilitam a ganhar.

A Olho de Turista tem um novo desafio , com sabor a mel . Desta vez é o senhor Heroíno da cidade de Mêda que faz questão de oferecer Mel de Rosmaninho aos melhores desta blogagem (melhor texto, bloguista e comentário), com uma condição: quem ganhar, terá um ano para ir buscá-lo à Mêda, com uma surpresa à sua espera.

Entretanto desejamos uma boa blogagem para todos, começando pela Manuela e pela Dina, nos posts que se seguem. Ainda deixamos o convite a todos vocês , ganhem ou não, a pegar no carro para vir conhecer este pedaço de Portugal Português, onde acaba a Beira e começa o Alto Douro!

Um abraço a todos da Susana
( tenho andado desaparecida ...mas sempre que posso, acompanho-vos de perto...tratem da bem da Lena, que é como se fosse comigo...é por uma boa causa...vocês vão descobrir brevemente!).


PS: Informamos que a Elvira Carvalho, premiada na categoria de melhor Bloguista do mês de Outubro,por razões pessoais, cedeu o seu prémio à pessoa que ficou em segundo lugar. O prémio será atribuído à Alcinda Leal. Parabéns !

O MEU PRIMEIRO MAGUSTO

Nasci numa zona (Serra de S. Mamede-Portalegre) onde há muitas castanhas talvez por isso adoro castanhas de todas as maneiras possíveis e imaginárias.As castanhas assadas fazem parte do dia-a-dia cá de casa desde que se acende a lareira pela primeira vez até que as castanhas desaparecem do mercado.Noite que não termine com umas castanhas assadas na lareira não é noite.Até a minha cadelita adora castanhas assadas, aliás ela adora tudo o que eu como!!O engraçado é que não tenho memórias nem histórias ligadas a magustos, nunca fui a nenhum. Por essa razão este ano estou a pensar seriamente ir até Marvão onde no fim de semana de 14 e 15 de Novembro decorre mais uma Festa do Castanheiro/Feira da Castanha.Junto o útil ao agradável, revejo uma das vilas mais bonitas deste país e finalmente participo num magusto.Para quem não conhece Marvão aqui fica o desafio. Centenas de artistas de animação nas ruas; quatro magustos colocados em sítios estratégicos da vila com excelente castanha assada e vinho da região; mais de 80 postos de artesanato do mais autêntico e português, área de enchidos e queijos; Concurso de Doçaria com castanha na Casa da Cultura; área de compotas, licores, doces caseiros e a tenda dos produtores locais, são, segundo a organização, motivos mais que suficientes para que não falte a esta chamada irresistível.Encontramo-nos por lá?



Escrito por Dina, do blogue Coisas Simples...
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MAGUSTO

Na minha família sempre se fez este "ritual" já secular de se reunir á volta da fogueira, comer as castanhas, carne de porco grelhada, chouriço assado e beber Jeropiga.Como a minha familia materna reside na Beira Alta, mais própriamente em Figueira de Castelo Rodrigo, sempre tive castanhas por esta altura.Mesmo morando em Lisboa desde pequena fazemos o Magusto, só que agora não se faz à volta da fogueira, cozo castanhas e asso no forno ou num recipiente próprio, mas era muito mais engraçado quando eu era menina, estarmos todos reunidos em frente das lareiras ou mesmo no campo, vendo o lume a arder e depois num tacho ou panela velha furada, colocáva-mos as castanhas, ou metiam-se no meio das brasas, quando não se tinha tacho.Ainda me recordo muito bem de fazermos isso em Lisboa num lugar que no passado parecia ser muito longe, pois era um pouco fora da cidade e que hoje já nem percebemos onde fica, pois são tantas as casas e prédios feitos á volta de Lisboa que os terrenos de campo e de trigo com o seu cheiro a terra húmida, já nem existem.Na Vila de Figueira de Castelo Rodrigo ainda se pode fazer um Magusto como manda a tradição, mas como tenho de acompanhar os filhos na escola e o marido tem de trabalhar, nunca vou por esta altura a Figueira, por muito que gostásse.Quem sabe quando formos mais velhos e os filhos já não precisarem de nós.Só que já não será a mesma coisa porque muitos já não existirão e a dita Família que se reunia á fogueira, não passará de 2 ou 3 pessoas.Mas é assim a vida uns partem no Outono da vida, outros ficam para o Inverno.

Bons Magustos.




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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

AGENDA DA BLOGAGEM DE NOVEMBRO

Prontos? Já preparamos a fogueira. As castanhas crepitam no lume. A jeropiga está no ponto. Estendam o copinho que as meninas servem. As vozes estão afinadas? Amanhã, começa a Blogagem de Novembro. Vamos poder sentir o cheiro das bolinhas castanhas e descobrir os tradicionais magustos dentro de Portugal. Este tema tem dois propósitos: comemorar o Dia de São Martinho (11 de Outubro) e mostrar como cada um passa o magusto e/ou lida com a nossa amiga Castanha. Pois, ela é assada, cozida, frita, crua, unida a outros alimentos.... E ela combina sempre muito bem com jeropiga, vinho novo ou licores. Se não apreciar castanhas, é também permitido comer nozes, amêndoas e avelãs…

Atenção! Não se esqueçam: os textos são postados por ordem de chegada. A postagem continua a ser feita por grupos de 2 para dar maior visibilidade aos vossos textos e permitir uma leitura calma e fluente a todos os bloguistas. Relembramos que comentar também pode dar prémio. De 28 a 30 de Novembro, decorre a votação. Comente e Vote! A agenda da Aldeia é a seguinte:
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10 de Novembro
Manuela
Dina
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13 de Novembro
Acácio Moreira
Cusca Endiabrada
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15 de Novembro
Pascoalita
Artur Monteiro do Couto
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17 de Novembro
Júlia Galego
José Pinto
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20 de Novembro
Joana
Mestre
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22 de Novembro
Alcinda Leal
Vitor Brito
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24 de Novembro
Claudia Sousa Dias
Lurdes Martinho
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26 de Novembro
Fátima Camilo
Rui Veleda
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27 de Novembro
Henrique Antunes Ferreira
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Duas Notas Importantes:
1 - Tenham a amabilidade de colocar o Selo da Blogagem de Novembro nos vossos blogues com o respectivo link da Aldeia. Assim, os vossos amigos poderão ver, comentar e votar nos vossos textos. Cuidado! Continuamos a ter em conta não só a qualidade dos comentários, mas também a quantidade.
2 – Prepare-se, amanhã, os prémios deverão ser anunciados!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

PASSEIE POR PORTUGAL COM A NOSSA CASTANHA

(Imagem tirada da Internet)
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Entre no mundo das feiras e festivais! Aproxime-se do forno. Sinta o cheiro do pão caseiro a levedar, das castanhas a crepitar, dos pratos e bolos acabados de fazer… Deixe-se envolver por um Portugal tradicional, repleto de sabores e saberes ancestrais. Para que reviva (ou conheça) alguns costumes, aconselhamos estas festividades provenientes dos distritos de Castelo Branco, Guarda e Viseu. Apenas um evento diverge de todos: o da Covilhã. Quisemos ajudar os nubentes da Beira Interior a prepararem o grande Dia. Ora, leia…

terça-feira, 3 de novembro de 2009

OS PREMIADOS DA BLOGAGEM DE OUTUBRO

O que foi apetitosa, calorosa e animada? O que transmitiu convivência, camaradagem e até fomentou amizades? O que permitiu trocas de receitas, de dicas, de histórias e memórias? O que moveu simpatizantes, amigos e familiares, tudo num só lugar? Uma única resposta para todas essas perguntas:

A Aldeia e a Blogagem de Outubro!

E a quem devemos isso? A vós todos que participaram em todos os aspectos, a quem veio espreitar e dizer olá, a quem veio observar e decidiu ficar. Todos vós, amigos bloguistas, fazeis oficialmente parte da casa e tendes o pleno direito de se sentirem como tal. Pois, um total de 420 comentários é obra e só foi possível por mérito de todos.

Hoje, encontramo-nos aqui reunidos à volta da mesa para anunciar os vencedores. Começando então pelo prémio de melhor Bloguista: 3 meninas conhecidas da nossa Aldeia tiveram sempre juntinhas no pódio. No entanto, uma delas destacou-se pelo seu espírito zen, pela sua interacção junto dos outros bloguistas, pela sua presença em todos os textos sem excepção. A menina vencedora do Prémio de Melhor Bloguista é: Elvira Carvalho! Prepare as malas, amiga Elvira, pois vem até Viseu almoçar ou jantar no Restaurante Chef China.

Agora, falamos de um duelo de titãs entre uma grande mulher “habituée” da Aldeia e um admirável homem “membro” há pouco tempo. A organização teve muitas dificuldades em atirar a luva branca e parar essa disputa, tendo ela própria entrado em discórdia várias vezes. Qual dos dois seria o eleito? O júri acabou por pegar na espada do Rei Artur e trinchou a escolha sem dó nem piedade. O comentário escolhido resume na perfeição o tema da Blogagem e o propósito constante da própria Aldeia – que é a divulgação do nosso recôndito Portugal. O Prémio de Melhor Comentário vai para: Acácio Moreira! Não hesite, amigo Acácio, deixe algumas horas Carvalhal do Sapo, e suba até Viseu, ao Restaurante Greens.

Visualizamos então o premiado comentário:

Acácio Moreira disse...
Convenceu-me, não só pelos sabores deliciosos de que nos fala, como também pela sorte de poder dizer tenho três terras, que maravilha é tão bom poder viajar dentro deste nosso querido Portugal. Assim com a particularidade de poder conhecer, e apreciar com mais facilidade a tão variada e rica culinária desta nosso cantinho à beira-mar plantado.Parabéns pelo bom gosto, nos sabores com que nos presenteou. Começando pelo Alentejo com uma gastronomia tão rica de sabores tão variados, aos bons mariscos e peixes da Ericeira, tudo muito bom.Quanto aos Açores, não conheço, mas adoro os queijos que nos chegam de lá.Gostei do texto... para além de bem conseguido, cheio de lembranças, que bem gostamos de recordar. Um abraço.

Queremos louvar também a participação a todos os níveis das bloguistas: Dina, Alcinda Leal, Manuela e Pascoalita. Assim como realçar os escritos de “recém-habitantes” da Aldeia: Vítor Chuva, Maria Besuga e A.J. Soares.

Agora, o momento pelo qual todos anseiam. Votação considerada, comentários contados (os das colaboradoras da Aldeia e os dos autores dos textos nos seus respectivos não contavam, claro) e qualidade estudada, o júri avaliou e proclamou para o Prémio de Melhor Texto – com 84 votos (46%) e 53 comentários apurados:


DEBULHO DE SÁVEL
de Fernanda Ferreira

Amiga Fernanda, o Minho sentir-se-á só por uma noite, por a cidade de Viseu terá o prazer de a receber no Restaurante Torre Di Pizza.

A Olho de Turista felicita os premiados e agradece a todos pela participação e partilha de experiências, seja como autores, comentadores e/ou votantes.
Pedimos aos premiados que enviem os seus dados (nome e BI) para o mail aminhaldeia@sapo.pt por causa dos respectivos prémios.
Desejamos a todos Felicidades!